Allah colocou a mão. ISTAMBUL, Enter the Desert Sandman!
E raia o dia na Trácia!!!
O sol de Apolo surge no horizonte carregado pelos cavalos que respiram fogo. Perseu se casando com Andrômeda, esfinges ao redor me tentando, para que eu finalmente descobrisse alguma coisa sobre aquelas letrinhas gregas. Era a terra do fantástico, dos mitos quase inacreditáveis. E eu, tudo isso acreditava. Só que, obviamente não me dava conta que finalmente conseguira entrar na rota para finalmente chegar à cidade prometida de Istambul. Aqueles trilhos obviamente teriam sido percorridos pelos famosos vagões do Expresso do Oriente, eu estava perto!
Precisamente às 11 horas chega o trenzão, um dos muitos que eu percorreria neste dia, Afinal, são 24 horas de Atenas a Istambul, por esse esquema que eu segui.
Um breve P.S. para navegantes de primeira (ou muita) viagem: Antes de viajar estava eu procurando saber sobre vistos para a Turquia. O cara da embaixada, me tratando muito bem chegou dizendo que os vistos eram adquiridos In Loco, ou seja, ou eu desembarcava no local, ou voando, ou de trem, eu comprava por lá. É uma prática rara, mas ainda assim ocorre. Minha preocupação passou a ser portanto como chegar lá na Turquia, afinal, no meio do caminho tinha um país de língua cirílica, tinha um país de língua cirílica no meio do caminho - a BULGÁRIA. Ah vistos condenados! Ah que eu tinha que arrumar um visto de trânsito, pq não ia dar tempo de conhecer o lindo país (é eu queria visitar essa gota.). Turma, eu tentei até chegar lá de navio pelo mar negro, pense que seria "a" viagem. Lavando porão por causa do liseu. Mas o serviço de ferry Constanta (Terra de ovídio, autor do "Arte de Amar"), Romênia, para Istambul, Turquia estava desativado. Então era o jeito partir para um trecho de avião que minha querida mãe foi obrigada a escolher. Mas eu queria ir de trem. Em busca de um visto para a Bulgária, descobri, ó, que brasileiro não precisa de visto para entrar na Turquia! (que coisa!) Ao contrário de americanos, australianos, povos que normalmente não pegam visto nem em país comunista hoje em dia. Achei legal. Isso obviamente eu sentiria na pele ao chegar na fronteira. Gostaram do "breve" P.S.??? hahahah!).
Pois é. Eu apenas com traveller's checks (tinha gasto tudo tomando uma cerva com a grega no vagão), fazendo o trajeto até a fronteira, na cidade grega de PÍTION (a cobra do início dos tempos, morta por Apollo). Eu desço para esperar o próximo trem da jornada e acabo conhecendo Nick e Miles. Nick (que é da Cingapura) tinha uns 35 anos mas nem parecia, estava rodando o leste europeu, conhecendo as várias "fácies" dos povos locais. Se sentiu especialmente tocado pela hospitalidade do povo local da bósnia, que abrigam em suas próprias casas os viajantes (claro que não de graça né?!). Miles é astrofísico e estava escrevendo um livro sobre biologia, genes e universo. Ficou especialmente interessado que eu fazia ciencias ambientais! Tanto como eu pela área dele. Aquela pausa no meio do nada, que me fez sentir um exilado de filme (muito legal!) também serviria para análise de passaportes. Meu visto, obviamente era a minha nacionalidade. Mas e será que os guardas sabiam? Era esperar para ver. Eu estava sem dinheiro em espécie, de toda forma seria mandado de volta... a não ser que meus novos amigos me dessem um trocado! :P
Mas não foi preciso. Ficamos em o que pela classificação dos trens era a mais luxuosa das cabines, apesar do trem ser rabugento, era uma COUCHETTE, com lugar para dormir (teríamos ainda umas boas 6 horas de viagem pela frente). Mas nem foi preciso cair no ronco, por causa da conversa tão interessante.
Nos nossos aposentos bem merecidos para uma entrada triunfal em Instambul (e que entrada!) totalmente ao estilo do "Expresso do Oriente" trocávamos experiências. As conversas variavam de, cosmologia, origem da vida, múltiplos universos, funcionamento do DNA, e experiências nos diversos países dos bálcãs, contados por NICK, o rapaz que relatou momentos felizes ao lado de uma família serva. Já Miles me contou que os universos expandiam e contraiam como bolhas, e apenas os que tivessem variáveis "plausíveis" se manteriam por um tempo mais prolongado.
Enquanto o bate-papo se extendia, a noite adentrava, e nós, cada vez mais num dos territórios mais catucados por homens na história mundial. O trem finalmente entrou em uma cidade que não parecia ter fim. Neste momento, como se fôssemos celebridades, fogos de artifício irromperam nos céus por onde passavam minaretes e muros pela janela do trem. Era o primeiro dia do Ramadã, num momento que seria conhecido como uma das maiores coincidências da minha vida (não disse que seria uma entrada triunfal?).
Felizes e famintos pra caramba, saímos do trem estacionado às 21:00 na estação Sirkeci. Nos meus bolsos, só tinha traveller's cheques, estando sem um mísero centavo de euro no bolso, muito menos LIRAS TURCAS, procurei uma casa de câmbio, sem sucesso, àquela hora da noite. Olhei na saída da estação, um caixa automático 24 horas. Meus dois colegas iriam tirar dinheiro ali. Eu, olhei para o meu velho cartão OUROCARD, BANCO DO BRASIL e pensei, "ah, não custa nada tentar". Ao inserir o cartão, muitas palavras estranhas e uma opção compreensível "English". Ao se tornar tudo claro, mandei sacar do "cartão de crédito" e apareceram algumas opções, igualmente estranhas: "10 milhões de liras turcas", "20 milhões de liras turcas", "30 milhões de liras turcas", "50 milhões de liras turcas". Soube logo que não seria excomungado do banco por tirar muito dinheiro, mas os colegas não sabiam quanto aquele dinheiro significava. Resolvi tirar "20 milhões", e pelo menos deu pra pegar o bonde (por sinal o mais moderno que eu andei em toda a minha viagem) em direção ao centro histórico onde se encontravam todos os albergues.
Ficamos rodando um pouco perdidos, eu, Nick e Miles, no meio de muita gente nas ruas durante o Ramadã, mas logo encontramos algumas ruas que davam para um amontodado de albergues. Agora, eu queria ir para o que eu tinha reservado, mas não fazia questão de ir para outro, afinal, estávamos cansados e com fome. No entanto, enchi um pouco o saco dos caras, que ao virem primeiro os outros mais TCHANS quase desistem de procurar mais. O que provou ser bastante proveitoso! O BAUHAUS era simplesmente fenomenal, pelo menos em termo de estética e atendimento, e tinha um lounge fantástico no topo ao ar livre de onde se podia ter uma vista panorâmica do estreito de Bósforo... a amiguinha Bia tinha me dado a dica legal.
Os caras gostaram (depois me agradeceram) e deixamos as bolsas por lá, correndo para um restaurante, coisa barata, era Turquia, e vi logo que iria comer muito bem por ali! Primeiro chá de maçã, como vou esquecer? Simpatizei com o garçon, com o qual perturbei com a cara, comi um Kebab com pão do bom, depois fomos dormir, à luz da lua crescente e ao som das rezas do Ramadã...
4 Comments:
Adorei isso daqui!!! Você sabe que as situaçoes por as quais nós "Brazucas" passamos pela "Zoropa" sao inacreditáveis e inesquecíveis!
Eita, tava esperando pra ler o resto das "desventuras em série"!!! ;P
Bejo, Teus!
OLÁ GOSTEI MUITO DESSSA PAGINA
SOU LOUCA PARA CONHECER ISTAMBUL
GOSTARIA DE SABER MAS SOBRE O PAÍS SERÁ QUE ´PODE MIM AJUDAR?
ME ADD ELO_COSTA7@HOTMAIL.COM
BNEGOCIOS4@HOTMAIL.COM
Simplesmente, me arrepiei lendo este blog. Demais.
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