Sobre a variedade de pensamentos que nascem do mundo físico e entram no fantástico através do meu olhar no leste europeu!

Nome:
Local: Recife, Manguetown, Pernambuco, Brazil

sexta-feira, outubro 22, 2004

Budapestis Circumspice

A cidade possui avenidas largas de prédios antigos e no estilo parisiense. Só que as ruas são mais bonitas que Paris porque são mais arborizadas, e todos os prédios seguem um estilo básico, como se por alguma influência comunista. Eu e Paco, que a esse ponto já andava igual a um louco cantando salsas e tentando cantar aquarela do Brasil pelo viaduto, chegamos em um parque atrás da praça dos heróis, suntuosa por conta própria. A praça dos heróis é cheia de estátuas de heróis, mas que não conheço nem a metade, e para mim parece ser bizarro que colocassem essas esculturas ali tendo retirado todos símbolos socialistas da cidade, como se os comunistas fossem mais crueis que os outros. Na verdade, foram somente os mais recentes.
No parque atrás da praça dos heróis tinha uma loja de souvenirs, onde um engraçado húngaro falava fluentemente espanhol e tentava nos vender os mais legais souvenirs. Dos quais um era uma garrafa de vinho em vidro moldado em diversos formatos (navio, coração, etc) contendo vinho tinto, dentro de outra garrafa com vinho branco! Muito legal.
Após almoçarmos no Burguer King (oh yeah), lá fomos nós para a Catedral de St. Istevan, que me pareceu imponente por fora, e por dentro, novíssima e impressionante. Provavelmente seria como as grandes catedrais do mundo de antigamente pareciam em sua época de grande esplendor. No interior, estava um relicário com a "mão de st. Istévan". Admito que fiquei bem chocado e impressionado com a cena, afinal, não esperava encontrar uma "mão santa" assim de verdade na minha frente, muito menos sabia sua história!
Então liguei para nos encontrarmos com Anita, grande amiga que conheci na net, e que por sorte pôde nos levar para passear no alto de uma colina que é conhecida como "fisheman's bastion" e era o centro administrativo de Budapeste na época do império austro-húngaro, formado após a derrota do império Otomano e a tomada da Hungria pela Áustria. Era uma dupla-monarquia da princesa Elizabeth da Hungria e Francis Joseph da Áustria, e tenho que admitir que a princesa ficava bem protegida no castelo, descendo apenas para pegar seu barco no Danúbio e ir visitar Vienna.
Mas eu e Paco perturbávamos toda hora, e a coitada da Anita, deve ter morrido de vergonha! (ela diz que não, tudo bem! Admito que fomos bem divertidos!) Cantando Guantanamera e fazendo careta para o sisudo povo Húngaro.
É interessante salientar que não pagávamos passagem nos transportes públicos. Mesmo esquema do resto da europa, vide antigos posts... Paco e suas idéias "Com o papai, é tudo de graça!". Anita não achou muita graça e nos fez pagar a passagem de metro e ônibus, no entanto Paco viu que nossa outra amiga mexicana que estava em Budapeste foi pega no golpe e teve que pagar 20 euros. Paco logo me deu uns bilhetes de metro, e ficou todo certinho!
No dia seguinte fomos para o parque Margit. É na verdade uma ilha, no meio do Danúbio, onde existia um convento, e uma nobre húngara chamada Margarete foi servir. Foi transformada em santa depois de sua morte, e a ilha recebeu seu nome. Ele possui esculturas geniais, e uma fonte que jorra água ao som de música clássica. Tem um gramadão e um bosque, flores, e as ruínas do velho convento. Ao voltar pela ponte, olhei pelo Danúbio e tive uma visão:
Estava de volta ao Rio São Francisco!



Na margem do rio Danúbio, nasceu a beleza.
E o comércio ele conservou.

São Estevão abençoou com sua mão divina.
Pra não morrer de saudade, vou pra Peste da Hungria

Do outro lado do rio tem uma cidade.
de um povo hospitaleiro, da igreja dos paulinos.

Atravessava a ponte ai que alegria .
Chegava lá em Buda, a velha Buda da Hungria.

Hoje eu me lembro que nos tempos de criança.
Esquisito era essa língua que nem o diabo lhe convém.
Mas achava lindo o parque Margit logo à tarde.
E a fonte que dançava ao som de Mozart e Chopin.
Chego em Buda , Vou pra Peste, junto as duas, Buda-Peste.
Todas duas eu acho uma coisa linda.

o rio corta e eu junto, Budapeste da Hungria


Essa cidade deu pena de deixar pra trás! O leste europeu aparecia, e eu começava a descobrir que ele realmente é muito mais divertido e interessante que o oeste. Tomamos uma de noite, marcas de cerveja austríaca e tchecas.

Paco, loco, Caballo Viejo, um abração, valeu por tudo papai, e venha curtir o carnaval que tá tudo pronto te esperando, vai ser só a festa!

Mila, venha mesmo em fevereiro, esqueça essa onda de comprar um carro! Sua cidade já tem um transporte público muito decente! Obrigado pelo tour grátis da cidade!

Clayton, um abraço pra vc e pra sua família, espero que vocês tenham se divertido na Cracóvia. Vamos manter contato!


Visitei o parlamento com Paco, e verifiquei o último aspecto da sofrida vida política húngara, com o comunismo imposto na década de 50, e lá pode-se ver uma bandeira com um furo no meio, símbolo da libertação comunista na década de 80, onde teria sido recortado o escudo de Moscou.
Depois que Paco foi embora, no mesmo dia que eu mas mais cedo, fui para os banhos, com Clayton e seus pais. Era um hotel que tinha sido transformado em um banho termal, supostamente medicinal também, é meio carinho mas vale a pena. Visitei depois uma igreja esculpida na rocha, e fiz um vídeo muito interessante filmando a minha entrada e ouvindo cantos gregorianos. A igreja teria sido construída pela seita dos monges Paulinos, que eram monges-ermitões, se baseavam no fim da vida de São Paulo, que de acordo com a lenda, viveu seus últimos dias no alto de uma montanha sendo alimentado somente por um corvo, que todo dia o trazia um pedaço de pão. Eles construíram essa igreja em tempos não muito remotos, mas ocuparam a colina há muito tempo, nos primórdios do cristianismo, e este local era chave na região pois era onde o Danúbio ficava mais estreito e era ponto de passagem de "ferry-boats" (hoje o estreito tem uma ponte de ferro magnifica). Sudi no alto da colina, também chamada de "citadella" (me lembro Mila falando, parecia italiano), e lá em cima tinha uma lojinha com relíquias da era comunista! Todos os chapéus de comandantes de forças russas, capacetes de segunda guerra e até um capacete de piloto de MIG! moedas e cartazes da época e tal. Mas eu liso não podia fazer nada né? :) A vista lá de cima é fenomenal e eu recomendo para todos que visitem a cidade. E finalmente comprei lá meu GORRO PERUANO que se provou extremamente útil na Romênia, foi uma excelente compra, sem dúvida! E NÃO! não precisei comprá-lo no Peru, seus vermes!
Saindo de lá, fui para o parque de esculturas comunistas, nos arredores da cidade, eu sozinho por lá tirei as fotos das esculturas. É, foi bonzinho, mas o lugar foi super-propagandizado.
E antes de pegar o trem pra Sighisoara, Romênia, conheci dois casais romenos, que tentavam se comunicar comigo em Romeno, e eu em português, foi engraçado, e a língua é muito legal. O trem tava lotado, mas mesmo assim peguei no sono fácil.