Sobre a variedade de pensamentos que nascem do mundo físico e entram no fantástico através do meu olhar no leste europeu!

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segunda-feira, abril 21, 2008

Green Lands of Fairies and Hills - A Mitologia Histórica da Irlanda

Antes é claro de partir para essas terras de grama, eu coloquei as mãos em um livro para estudar a mitologia Celta, e compreender um pouco mais do ambiente onde estava pisando. Mal sabia eu que estava prestes a cair dentro de um mundo muito mais incrível que o fantástico mundo da Terra Média do Senhor dos Anéis.


Ao começar a ler as histórias não conseguia mais distinguir realidade de mito, história celta de cristã - lugar lendário ou histórico. Neste país, tudo forma uma mistura homogênea, indissociável, e muitos poucos habitantes conhecem e se interessam por esses contos de fada vivos. Esta eu em Avalon? A mítica ilha nublada da eterna primavera a Oeste do país de Gales onde mora o Rei Arthur? Onde começar? da formação geológica da ilha? da formação segundo as lendas? das primeiras ocupações humanas? dos principais ambientes encontrados? complicado. Bem vamos começar do fantástico:

Segundo os antigos manuscritos irlandeses no início tínhamos o o "Povo da deusa Danu" ou Tuatha dé Danann, deuses das benesses do homem, e os deuses de Domnu, escuridão, ou "Fomors", associados com a profundeza dos oceanos, a neblina, a doença, etc. Os Fomors eram tidos como os mais antigos deuses, destinados a serem destronados ao fim. Destes deuses, a maioria eram gigantes e deformados, como Balor, um ciclope com olhar venenoso, ou Morrigú (Morrigan), a encarnação da morte e do mal no campo de batalha. Mas outros eram a mais pura beleza, como Elathan, um príncipe da escuridão, e o seu filho Bress, que virou sinônimo do que é bonito na Irlanda. Da galera de Danu, tínhamos deuses mais heróicos, como o Rei Nuada mão-de-prata (Taranis), ou o Dagda, o deus bom, grande comedor de papa, que possuía um caldeirão que nunca esvaziava. Lugh, o belo, que tinha uma lança que sempre voltava ao dono e que nunca errava o alvo. E a própria espada de Nuada, praticamente uma espada justiceira, se é que vocês me entendem.



Um Fomor


Alguns deuses de Danu


Os primeiros habitantes segundo os mitos foram a raça de Partholon que chegaram na Irlanda com 24 homens e 24 mulheres no primeiro de Maio (tudo acontece lá nesse primeiro de maio...), e após 300 anos de morada, aumentaram de uma para quatro o número de planícies da Irlanda, de dois para sete lagos, e sua população para mais de 5000 pessoas. Esse povo vivia em constante batalha com os Fomors, sendo eventualmente derrotados por uma epidemia, em primeiro de maio, na qual os últimos sobreviventes enterraram seus entes queridos na primeira planície que chegaram, este local hoje conhecido como um bairro de Dublin, Tallaght, e que significa "Túmulo-praga do povo de Partholon". Os próximos colonizadores, chegaram segundo as lendas da Espanha ou Grécia, conhecidos como eufemismo pós-cristão para o Hades Celta, e eram os morenos "Fir Bolgs", relacionados com os Fomors, de tamanho e capacidades sobre-humanas.

A ligação histórica se torna bem clara quando em seguida vemos a chegada do Tuatha dé Danann à ilha irlandesa, indo combater com os Fir Bolgs pela supremacia da ilha. Da mesma forma a arqueologia mostra que os primeiros habitantes da ilha foram povos ibéricos neolíticos, alcançando notavelmente a costa irlandesa pela corrente do golfo, sendo despojados pelos celtas da era do bronze. A turma da Mônica ops, quer dizer, deusa Danu chegou envolta em uma neblina na ilha no dia, adivinha, primeiro de maio, vindos de suas 4 cidades, Findias, Murias, Gorias e Falias. Destas cidades eles trouxeram o caldeirão do Dagda, a lança de Lugh, a espada de Nuada e a "Pedra do Destino", que futuramente caiu nas mãos dos reis irlandeses. Dizia-se que quando tocada pelo próximo rei da Irlanda, ela soltava um grito. Hoje dizem que a pedra se encontra no morro de Tara, tida como o antigo "camelot" irlandês, é a do destino.


"...mas no dia em que a poesia se arrebenta, é que as pedras vão cantar..."


Eventualmente, os Fir Bolgs e os Danus se encontraram em uma épica batalha, composta de combates um-a-um, como na Ilíada. Em um destes combates, Nuada perdeu sua mão em um ataque de Eochaid, rei dos Fir Bolgs, que eventualmente foi derrotado após ser perseguido até Ballysadare, onde um túmulo marca o local de sua morte. Finalmente, reduzidos a 300 homens, os Fir Bolgs se renderam. Os Danus ao invés de matá-los no entanto ofereceram-lhes um quinto da ilha onde eles pudessem prosperar, Connaught, onde até o século XVII ainda se rastreava esta descendência. Esta história possui definitivamente um ar histórico, e vários artefatos e túmulos foram encontrados na planície de Moytura, onde se acredita que essa batalha tenha acontecido. Vários relatos e manuscritos interpretaram essa batalha, provavelmente entre os celtas gaélicos e seus antecessores ibéricos, como sendo a batalha de seus deuses, os Danus e os Fomors.


Balor montado num veado... hum...



Tuatha dé Mal



Vai Lugh, acaba com eles!

O lugar tá lá! Moytura



E então a turma da deusa Danu (como uma deusaaa....) tomou posse da ilha e fez seu grande palácio no morro de Tara, próximo ao rio Boyne, cujo local seria habitado continuamente por todos os reis gaélicos de aí em diante. Hoje é um local muito interessante para se visitar, apesar de não ter absolutamente nada, a não ser uma igreja, uma estátua de St. Patrick, e muitas ovelhas. Ah, e é claro, a suposta "Pedra do Destino" está lá para ser tocada. O morro de Tara está correndo o risco de ser demolido por uma rodovia a ser construída na região.


"I fell in to a burning hill of Tara..."



Voltando à história, era o rei de Tara o grande Nuada, agora com sua mão de prata para substituir a que foi cortada por Eochaid na batalha de Moytura. Estavam se preparando para a próxima batalha contra os Fomors. É neste momento que aparece Lugh no palácio, vestindo humildemente e oferencendo seus serviços. Quando disse que era um capinteiro, ferreiro, guerreiro, harpista, poeta, médico, entre outras coisas, o rejeitaram porque já tinham pessoas para cada uma dessas profissões. Mas Lugh argumentou que só ele sabia fazer todas essas coisas ao mesmo tempo. Testado pelo rei, em uma partida de xadrez onde inventou uma nova jogada que recebeu o seu nome, Lugh recebeu a "cadeira do sábio". Ficou a cargo dele preparar para a batalha, na qual cada deus ofereceu seu melhor. Após a grande guerra, Morrigú e sua vassala Badb, "a fúria", profetizaram o fim da era divina, e o início de outra, onde os verões seriam sem flores, vacas sem leite, mulheres sem vergonha, homens sem força, velhos fariam maus julgamentos e legisladores criariam leis falsas, e enfim toda a virtude seria deposta do mundo.

Os eventos que se seguiram são únicos na história da mitologia, a conquista dos deuses pelos mortais. Estes vindo do mundo dos mortos, "Hades celta", eram os Milesianos, que com batalhas usando encantações mágicas conseguiram de fato derrotar o povo de Danu, que foi ao exílio, começando a era histórica da Irlanda. Eles foram para as terras da eterna primavera ao Sul e oeste, onde nunca faltava comida, e todos eram jovens e felizes. Este local tinha vários nomes, entre os quais "ilha de Breasal" ou "Hy-Breasail", que muitos historiadores associam com o Brasil. Alguns deuses no entanto resolveram ficar, e se estabeleceram em grandes montes mágicos chamados sídh, designados por Nuada para cada um desses deuses. Para si, Nuada escolheu o maior de todos os Sídh, encontrado em Brugh-na-Boyne, perto do rio Boyne, hoje um dos sítios arqueológicos mais visitados da Irlanda, Newgrange. É um monte circular gigante, construído por povos megalíticos antes mesmo das pirâmides do Egito, cuja interpretação dos povos celtas, ao ver aquela grande estrutura pronta só poderia ser obra dos deuses. Era provavelmente um túmulo de passagem, e está alinhado precisamente com o solstício de inverno, em cuja ocasião ainda se pode observar a luz entrando pela porta do túmulo e atingindo a pedra angular.


Newgrange - a suíte presidencial





Olha o meu KIT-NET aí!

Hoje, os deuses são conhecidos pelos camponeses como AES SIDH, ou povo dos sidh. Um homem do sidh é o Fer Sidh, e uma mulher é Bean-Sidh, anglicizada para BANSHEE, uma das figuras folclóricas mais celebradas da irlanda.

1 Comments:

Blogger Unknown chegou dizendo que...

Linda historia!!
ta de parabens!!

4 de maio de 2008 às 20:40  

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