Minha Terra tem Mármore onde canta a Coruja da Deusa! (Um passeio rápido por Atenas)
Desde pequeno eu sempre tive certeza... Fui grego em outra encarnação! Nada de exaltação ou de detrimento gay (como diriam os turcos), mas é intuição masculina mesmo (ou deve ser!). O lugar é muito natural para mim.
Com o trem saindo da cidade bizantina e passando pelos portões de pedra, me senti acomodado novamente em um vagão impossível de pagar na europa normal... pena (ou ainda bem) que sozinho. Mas pena que sem ninguém eu estava pois ainda iria me encontrar com a garota de Komotini, e à noite após 24 horas cheguei lá pra saber que ela não estava. Lá se foi minha moussaka em terras gregas! Bom, nem tudo foi mal, pelo menos os policiais que me revistaram à força em uma parada no meio da noite e no meio do nada eram realmente policiais!
De 22:00 saiu o trem diretamente para Atenas, a cidade maravilhosa (do mundo antigo). Tranquilíssima a viagem, se bem que eu estava acostumado. E às 6:30 chegando na estação, fui direto para a Acrópole, sendo literalmente o primeiro a subir lá naquele dia.
Ao chegar no alto daquele morro da história, observando cada detalhe, notei que o lugar ainda está vivo - é um sítio arqueológico em pleno trabalho, e peças de mármore de milhares de anos cobrem o chão (o chão é literalmente "coberto de história"). Andaimes sustentam grandes colunas de rocha, e vários arqueólogos trabalham incessamente com os restos dos investimentos da última Olimpíada. As carótides pairam sublimamente no canto esquerdo, ainda com ódio das duas irmãs que foram raptadas para as ilhas britânicas. O Partenon ainda se sustenta apesar do cruel ataque otomano. E dentro dele se podia escutar lá ao longe uma voz feminina fraquejando "Shiriyuuu.... Shiriyuu...". Fora isso, é claro, eu me mantinha a assoviar minha trilha sonora grega que ia de Zorba a Sonic.
Os teatros ao redor também eram espetaculares. A acústica realmente é boa! Viva o empirismo científico - quem precisa de Newton? Um museu no final do morro contem as peças mais importantes que restam das fachadas. É preciso um pouco de criatividade para recriar mentalmente como elas se pareciam (é uma diversão, sem dúvida!).
Finalmente descendo da acrópole, visitei um grande espaço chamado antigamente de "ágora antiga". É o antigo mercado de uma cidade portuária, e ficava ao pé de um dos templos mais preservados, o de Hefesto, auqele que pelo seu trabalho, mesmo feioso ganhou Afrodite. Tá vendo? O negócio é ser ferreiro...
Um museu ao lado mostra como os gregos votavam, o sistema de "ostracismus", com pequenas rodelas de cêramica onde colocavam o nome de cada candidato. Muito interessante, considerando como é antigo o sistema democrático e como ele não mudou muita coisa (as pessoas ainda conseguem errar o nome do candidato até em urnas eletrônicas).
Mas logo à frente estava a feira de verdade. Essa muito parecida com qualquer feira na cidade de Recife, só que tem kebabs em vez de cocos. Eu disse Kebabs? Pois é, a influência turca tá aí, apesar da destruição de todas as mesquitas de Atenas. Danou-se, e eu achava que era rixa aquilo entre Pernambuco e Bahia...
Depois de umas comprinhas básicas (camisa da Grécia, cerveja e refrigerante) é hora de... VOLTAR PARA CASA! Pois é amigos, meu vôo estava marcado para as 17:00. Depois de 40 dias viajando, era hora de retornar ao Brasil. Não como Marco Polo, para qual o retorno era uma outra viagem, no meu caso era tudo automatizado, graças ao moderno sistema de transporte a jato. Saindo do mercado, me lembro de todos os passos da volta, recordando dos bons momentos, e maus tb. Despachei a grande mochila laranja, e sentei no avião da lufthansa, dormindo e acordando em pleno vôo... passei a decolagem dormindo, para você ver. Uma conexão em Frankfurt, e depois...
Bem vindo senhor, ao vôo da Varig. Era em português que a doida do check in me falava. Nunca mais tinha escutado essa língua legal (Desde o tchau que eu tinha dado para a Geise em Veneza). Comi um sanduíche básico, e fui-me para Recife.
De cima, a minha chegada no Rio de manhã, minha alma cantou eu vi o Rio de janeiro.
De cima, a chegada no fim da tarde a Pernambuco, a vista dos canaviais ao pôr-do-sol, e os fragmentos de mata atlântica. Ainda acho linda a cana tanto de cima ou de baixo, de qualquer lugar que eu for quando eu chego é sempre uma alegria - não existe campo mais bonito, nem pôr do sol melhor aos "dedos róseos do anoitecer" como diria o filme "Além da linha vermelha", na ilha de Guadacanal. Cheguei Recife!