Green Lands of Fairies and Hills - A Mitologia Histórica da Irlanda
Antes é claro de partir para essas terras de grama, eu coloquei as mãos em um livro para estudar a mitologia Celta, e compreender um pouco mais do ambiente onde estava pisando. Mal sabia eu que estava prestes a cair dentro de um mundo muito mais incrível que o fantástico mundo da Terra Média do Senhor dos Anéis.
Ao começar a ler as histórias não conseguia mais distinguir realidade de mito, história celta de cristã - lugar lendário ou histórico. Neste país, tudo forma uma mistura homogênea, indissociável, e muitos poucos habitantes conhecem e se interessam por esses contos de fada vivos. Esta eu em Avalon? A mítica ilha nublada da eterna primavera a Oeste do país de Gales onde mora o Rei Arthur? Onde começar? da formação geológica da ilha? da formação segundo as lendas? das primeiras ocupações humanas? dos principais ambientes encontrados? complicado. Bem vamos começar do fantástico:
Segundo os antigos manuscritos irlandeses no início tínhamos o o "Povo da deusa Danu" ou Tuatha dé Danann, deuses das benesses do homem, e os deuses de Domnu, escuridão, ou "Fomors", associados com a profundeza dos oceanos, a neblina, a doença, etc. Os Fomors eram tidos como os mais antigos deuses, destinados a serem destronados ao fim. Destes deuses, a maioria eram gigantes e deformados, como Balor, um ciclope com olhar venenoso, ou Morrigú (Morrigan), a encarnação da morte e do mal no campo de batalha. Mas outros eram a mais pura beleza, como Elathan, um príncipe da escuridão, e o seu filho Bress, que virou sinônimo do que é bonito na Irlanda. Da galera de Danu, tínhamos deuses mais heróicos, como o Rei Nuada mão-de-prata (Taranis), ou o Dagda, o deus bom, grande comedor de papa, que possuía um caldeirão que nunca esvaziava. Lugh, o belo, que tinha uma lança que sempre voltava ao dono e que nunca errava o alvo. E a própria espada de Nuada, praticamente uma espada justiceira, se é que vocês me entendem.
Um Fomor
Alguns deuses de Danu
"...mas no dia em que a poesia se arrebenta, é que as pedras vão cantar..."
Balor montado num veado... hum...
Tuatha dé Mal
Vai Lugh, acaba com eles!
O lugar tá lá! Moytura
E então a turma da deusa Danu (como uma deusaaa....) tomou posse da ilha e fez seu grande palácio no morro de Tara, próximo ao rio Boyne, cujo local seria habitado continuamente por todos os reis gaélicos de aí em diante. Hoje é um local muito interessante para se visitar, apesar de não ter absolutamente nada, a não ser uma igreja, uma estátua de St. Patrick, e muitas ovelhas. Ah, e é claro, a suposta "Pedra do Destino" está lá para ser tocada. O morro de Tara está correndo o risco de ser demolido por uma rodovia a ser construída na região.
"I fell in to a burning hill of Tara..."
Voltando à história, era o rei de Tara o grande Nuada, agora com sua mão de prata para substituir a que foi cortada por Eochaid na batalha de Moytura. Estavam se preparando para a próxima batalha contra os Fomors. É neste momento que aparece Lugh no palácio, vestindo humildemente e oferencendo seus serviços. Quando disse que era um capinteiro, ferreiro, guerreiro, harpista, poeta, médico, entre outras coisas, o rejeitaram porque já tinham pessoas para cada uma dessas profissões. Mas Lugh argumentou que só ele sabia fazer todas essas coisas ao mesmo tempo. Testado pelo rei, em uma partida de xadrez onde inventou uma nova jogada que recebeu o seu nome, Lugh recebeu a "cadeira do sábio". Ficou a cargo dele preparar para a batalha, na qual cada deus ofereceu seu melhor. Após a grande guerra, Morrigú e sua vassala Badb, "a fúria", profetizaram o fim da era divina, e o início de outra, onde os verões seriam sem flores, vacas sem leite, mulheres sem vergonha, homens sem força, velhos fariam maus julgamentos e legisladores criariam leis falsas, e enfim toda a virtude seria deposta do mundo.
Os eventos que se seguiram são únicos na história da mitologia, a conquista dos deuses pelos mortais. Estes vindo do mundo dos mortos, "Hades celta", eram os Milesianos, que com batalhas usando encantações mágicas conseguiram de fato derrotar o povo de Danu, que foi ao exílio, começando a era histórica da Irlanda. Eles foram para as terras da eterna primavera ao Sul e oeste, onde nunca faltava comida, e todos eram jovens e felizes. Este local tinha vários nomes, entre os quais "ilha de Breasal" ou "Hy-Breasail", que muitos historiadores associam com o Brasil. Alguns deuses no entanto resolveram ficar, e se estabeleceram em grandes montes mágicos chamados sídh, designados por Nuada para cada um desses deuses. Para si, Nuada escolheu o maior de todos os Sídh, encontrado em Brugh-na-Boyne, perto do rio Boyne, hoje um dos sítios arqueológicos mais visitados da Irlanda, Newgrange. É um monte circular gigante, construído por povos megalíticos antes mesmo das pirâmides do Egito, cuja interpretação dos povos celtas, ao ver aquela grande estrutura pronta só poderia ser obra dos deuses. Era provavelmente um túmulo de passagem, e está alinhado precisamente com o solstício de inverno, em cuja ocasião ainda se pode observar a luz entrando pela porta do túmulo e atingindo a pedra angular.
Newgrange - a suíte presidencial
Olha o meu KIT-NET aí!
Hoje, os deuses são conhecidos pelos camponeses como AES SIDH, ou povo dos sidh. Um homem do sidh é o Fer Sidh, e uma mulher é Bean-Sidh, anglicizada para BANSHEE, uma das figuras folclóricas mais celebradas da irlanda.